Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

sexta-feira, 16 de março de 2012

O SEMANAL - Ano 8, nº 363


O SEMANAL DE 15 À 21 DE MARÇO
4º Domingo na Quaresma
Tema: Olhe para o alto da cruz
Leituras: Sl 107.1-9 Nm 21.4-9 Ef 2.1-10 Jo 3.14-21

Mensagem: O que é natural: As pessoas se afastarem de Deus ou se aproximarem dele? O natural é se afastarem, até porque, por natureza, já estão longe mesmo. Mas a boa noticia da Quaresma é que Deus vem ao nosso encontro, não de uma forma aparentemente gloriosa, mas numa vergonhosa cruz. No Cristo crucificado vemos o ápice do amor de Deus por nós para nos reaproximar dele. Você e eu, que estávamos afastados de Deus, fomos aproximados no santo Batismo. Corremos o risco de, por teimosia, amarmos o mundo e abandonarmos a Deus. Nesta Quaresma convido-o a “remarmos contra a maré” e olharmos para o alto da cruz. (pastor Edgar) 

                         Programação na Semana


20/03 - Terça
13h30
18h30
19h30
Assistência Social
Musicalização - flauta doce
Coral
21/03 - Quarta
14h30
20h
Servas Guarani
DECA
22/03 - Quinta
20h
Culto na “São Paulo” 
23/03 - Sexta
18h15
19h
19h40
20h
Instrução 1º e 2º Anos
Instrução Pré- Confirmandos
Juventude Mirim
Leigos
24/03 - Sábado
9h
18h e 20h
Musicalização – teclado e violão
Cultos na “Jesus Redentor” e na “São Paulo"
25/03 - Domingo
9h
18h
Culto na “São Paulo” – após passeio dos jovens
Jovens

Lembretes

FALECIMENTO: Edgar Muller, aos 56 anos, em 12/03/2012. Deixa enlutados:          2 filhos, 1 filha, 3 netos. Culto em memória em 18/03/2012.
FALECIMENTO: Armindo Arlindo Albrecht aos 84 anos, em 13/03/2012. Deixa enlutados: esposa, 2 filhos, 1 filha, 5 irmãs, 9 netos e 2 bisnetos. Culto em memória em 18/03/2012.
CASAMENTO : Recebem a bênção matrimonial neste 24 de março, 17h, os noivos Mario Garcia Kickhofel e Carla Lauffer. .
LIDERARANÇA – No dia 18/03, 8h30 às 11h30, os líderes das congregações se reúnem em Campo Bom, na igreja local, para encontro distrital.
PRÉ-CONFIRMANDOS – As crianças que completam 11 anos entre agosto de 2011 à julho de 2012 (ou além disto) devem fazer o pré-confirmatório antes de entrar no 1º ano. Os encontros são no Lar da igreja, 6ª feira, das 19h às 20h.
24 de MARÇO– Interessados em fazer profissão de fé para ser membro, falem com os pastores ou na secretaria. A partir de 24 de março, 9h, inicia uma nova turma. São dez encontros, cada um com 1 hora de duração, realizados no Lar da igreja.
MÚSICALIZAÇÃO – Interessados em aprender flauta, teclado e violão, vejam a programação no quadro acima. Informações e inscrição na Secretaria.
MENSAGEIRO DE MARÇO – O Mensageiro Luterano de março está na entrada da igreja, no quadro mural. É só pegar um e colocar 5 reais na caixinha.
GALETO na Jesus Redentor: Dia 31/03/2012, R$ 10,00, com 4 pedaços de frango + aipim + salada  + pão. Cartões na Secretaria ou na Comunidade Jesus Redentor.
JOVENS: Instalação da diretoria em 17/03/2012: Roger Kleemann (presidente), Eduardo Hiller (vice), Patrícia M. Martins (secretária), Júlia Schoenmeier (vice), Cássio M. Fernandes (tesoureiro) e Caroline Meurer ( vice).
JOVENS MIRINS: Instalação da diretoria em 17/03/2012: Lucas L. Oliveira (presidente), Leonardo H. D. Machado (vice), Renan Figur (tesoureiro), Gustavo S. Schaurtzaupt (vice), Fernanda Bruno (secretaria) e Daiane Fröder (vice).

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sermão Pastor Marcos - 3º Domingo na Quaresma - 2012


3º Domingo na Quaresma – 2012

Trienal B: Sl 19.7-14 Ex 20.1-17 1 Co 1.18-31 Jo 2.13-22
Tema: A prova que temos é o poder do Evangelho!
pastor Marcos Schmidt

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    Todos devem estar acompanhando a notícia sobre a proibição dos crucifixos nas salas do Judiciário do Rio Grande do Sul. A Justiça do Estado acatou o pedido da ONG Liga Brasileira de Lésbicas, e vai retirar crucifixos e símbolos religiosos de todas as salas do Judiciário do Estado.  O argumento  da Liga de Lésbicas vem da Constituição que garante liberdade religiosa e a separação entre estado e religião. Com isto, pretendem afastar a influência religiosa de decisões polêmicas, como o casamento homossexual, aborto e outros assuntos.
Se considerarmos o que diz a Constituição Brasileira, esta medida está correta, mesmo que isto seja um ato concreto de perseguição à fé cristã. O assunto não é novo, e penso que nós cristãos precisamos cada vez mais nos preparar com aquilo que a Bíblia sempre alertou, que os cristãos serão perseguidos.
    O crucifixo (Jesus pregado na cruz) é o principal símbolo para católicos e algumas igrejas protestantes. A maioria das igrejas evangélicas é contra o crucifixo e símbolos cristãos. Lutero era favorável à iconografia, isto é, a mensagem comunicada pelos ícones, ao contrário de seu conterrâneo Carlstad que liderou um movimento iconoclasta – literalmente “quebrar imagens”. Para Lutero, a igreja não deveria perder a referência dos símbolos litúrgicos nem o exemplo dos cristãos do passado, e por isso não restringiu o uso das imagens, mas sim, rejeitou a função mediadora ou poderosa conferida a elas – só Cristo é o Mediador entre Deus e os seres humanos (1 Timóteo 2.5).
      Em todo o caso, a proibição do crucifixo nas salas do Judiciário, de alguma forma aponta para a leitura da Epístola deste culto, quando Paulo escreve que “a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo” (1 Co 1.18). Mais adiante ele diz que para os judeus a cruz é ofensa, é escândalo, e para os não judeus a cruz é loucura.
Para os judeus era escândalo, porque eles nunca aceitaram que Jesus era o Messias,  Filho de Deus – e quando Jesus foi pregado na cruz, ficaram ofendidos por ele ser chamado pelos romanos de Rei dos Judeus – um título que foi colocado na cruz. Para os não judeus, os gentios, um Deus na cruz era loucura. Assim como hoje, quando os descrentes olham para a nossa cara, e dizem: - Como é que vocês podem acreditar nesta bobagem, de um homem-Deus morrer para salvar a humanidade.
    Não há dúvida de que esta decisão dos juízes gaúchos é a concretização mais enfática de que a cruz é ofensa e loucura para as pessoas descrentes.
    Mas, como disse: isto não deve nos surpreender. Isto é a perseguição de forma evidente e objetiva.
    No entanto, os textos bíblicos de hoje não querem falar dos descrentes ou aos descrentes – aqueles que não aceitam a cruz e até perseguem os cristãos. As leituras têm um recado para nós, aqueles de quem fala Paulo na epístola: “Mas para aqueles que Deus tem chamado, tanto judeus como não judeus, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus (1 Co 1.24).
E sabem meus irmãos, que nós cada vez mais estamos precisando ouvir e acreditar nisto, que Cristo é o poder e a sabedoria de Deus! Se começarmos a dar ouvidos para aquilo que está acontecendo em nossa volta, vamos acreditar o contrário, de que Cristo é a fraqueza e a ignorância de Deus.
    É assim que nós, seguidores de Jesus, nos sentimos muitas vezes: fracos e ignorantes. Ligamos a televisão e só ouvimos e vemos coisas que vão contra a nossa fé. Lemos as revistas e os jornais, e lá estão pessoas denegrindo e difamando a Palavra de Deus. Conversamos e nos relacionamos com as pessoas descrentes, ou de outra religião, e dependendo da conversa, somos colocados contra a parede, sem saber o que responder ou o que fazer.
    Na verdade, é muito fácil e até confortável nosso convívio aqui na igreja, de estar no culto, ouvir a Palavra de Deus... Mas, é só colocar o pé lá fora, e já sentimos na pele todo o desconforto de ser um cristão.
Sem falar dos nossos filhos, que voltam da escola com tantas dúvidas. Ouvem dos professores ensinamentos, teorias e histórias que desmerecem e desacreditam o que ouviram e aprenderam em casa e na igreja.
     Na aula de biologia eles aprendem a usar preservativos contra doenças sexuais e gravidez, enquanto que em casa e na igreja aprenderam que o corpo é templo do Espírito Santo e não devem viver a imoralidade.
   Quem está certo? Os costumes modernos, a ciência humana, ou aquilo que os mandamentos de Deus prescrevem? Será que Palavra de Deus está ultrapassada?
Será que ainda podemos dizer aquilo que está no Salmo 19(7), que “a lei do Senhor é perfeita e nos dá novas forças”? Que “os seus conselhos merecem confiança e dão sabedoria às pessoas simples”?
    Nesta semana assistimos na tevê a história do casal homossexual de Pernambuco que buscou a fertilização in vitro para ter uma filha. Um doou o sêmen e o outro recebeu ajuda da prima através da reprodução assistida. É a primeira criança brasileira que tem dupla paternidade no seu registro de nascimento. Segundo o juiz que deu o parecer, importa o afeto dos pais e não o sexo deles. E agora? Somos preconceituosos, homofóbicos porque cremos que Deus criou o homem e a mulher para o casamento, e que a relação de homem com homem e mulher com mulher é uma transgressão à ordem natural criada por Deus?

   Vejam irmãos e irmãs, como é importante cada vez mais ouvir isto que diz o Salmo 19, que “os ensinos do Senhor são certos e alegram o coração. Os seus ensinamentos são claros e iluminam a nossa mente” (8).

   Nós não somos os juízes do mundo e nem temos a missão de impor a vontade de Deus revelada nas Escrituras, e muitos menos levar o castigo às pessoas que não têm a mesma fé e a nossa maneira de viver. Não temos o mesmo poder e autoridade que Jesus tem, poder demonstrado  quando expulsou do Templo com um chicote aqueles que profanaram a casa de Deus. Isto é importante sabermos e praticarmos. Porque muitas vezes, aos nos sentirmos ultrajados e perseguidos em nossa fé, usamos a Palavra de Deus como um chicote, querendo defender a moralidade, e tudo aquilo que acreditamos.
Na verdade, nós fomos chamados para sermos testemunhas de Jesus, e não advogados dele.

    É claro, que isto não quer dizer que não devemos anunciar a lei descrita nos mandamentos, conforme a leitura bíblica de hoje, e até advertir aqueles que desprezam a vontade de Deus e vivem em pecado. Mas precisamos sempre lembrar que somos também pecadores, e merecemos o castigo de Deus na mesma medida que qualquer pecador.
 
     A única e grande diferença é que estamos sob a graça de Deus pela fé que temos em Jesus Cristo. Por isto então as palavras da epístola:
- Isso quer dizer que ninguém pode ficar orgulhoso, pois sabe que está sendo visto por Deus. Porém Deus uniu vocês com Cristo Jesus e fez com que Cristo seja a nossa sabedoria. E é por meio de Cristo que somos aceitos por Deus, nos tornamos povo de Deus e somos salvos. Portanto, como dizem as Escrituras Sagradas: Quem quiser se orgulhar, que se orgulhe daquilo que o Senhor faz ” (1 Co 1.29,30,31).

    E o que o Senhor faz e que deve nos orgulhar? Cristo faz com que sejamos aceitos por Deus, mesmo sendo pecadores e merecedores de castigo.

Portanto, quando o assunto é pecado, precisamos baixar a crista. Não temos o direito de apontar o dedo para qualquer pecador, mesmo que seja um ladrão, um assassino, um homossexual, um adúltero, ou outro qualquer.

   Este foi o problema daqueles que estavam no tempo, e transformaram inclusive o culto e adoração num negócio. Jesus não expulsou os pagãos e gentios do Templo. Ele expulsou os judeus, os chamados “filhos de Deus” – estes que jogavam pedras nas prostitutas, que julgavam e condenavam os pecadores, mas eram tão ou piores pecadores, e ainda lucravam fazendo negócios com os sacrifícios que eram oferecidos a Deus.

   Ao Jesus expulsar os cambistas do Templo com um chicote de couro, quis mostrar exatamente isto, de que ele é o Filho de Deus e tinha autoridade para tanto – afinal, ele é o único santo, sem pecado, que tem todo o direito de ficar indignado e revoltado contra o pecado. Até porque, foi ele que entregou a sua vida e carregou a culpa dos pecados da humanidade.

   Por isto a pergunta dos líderes judeus que não acreditavam nesta autoridade divina e messiânica de Jesus:
- Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isto? Jesus respondeu: Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias! Eles disseram: A construção deste Templo levou  quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?

   O próprio Evangelho então explica que o templo que Jesus falou é o seu próprio corpo.

   É por isto que o apóstolo Paulo mais tarde escreve, conforme ouvimos na Epístola, que os judeus pedem milagres como prova. É o que as pessoas nos pedem hoje: Qual é a prova que vocês têm para nos convencer que isto tudo é verdade?

   A prova que nós temos continua a mesma que Jesus entregou aquelas pessoas: em três dias ele reconstruiu o tempo. Ou seja, a prova é a sua ressurreição.

   Alguém pode estão estar pensando: Mas pastor, que prova é esta, a ressurreição de Jesus? Até agora ninguém provou que Jesus está vivo?

   De fato, não existem provas científicas que Jesus ressuscitou. E não existem por uma razão explicada pelo próprio apóstolo Paulo em nossa epístola. Ouçam mais uma vez o que ele diz:
Pois Deus, na sua sabedoria, não deixou que os seres humanos o conhecessem por meio da sabedoria deles. Pelo contrário, resolveu salvar aqueles que crêem e fez isso por meio da mensagem que anunciamos, a qual é chamada de louca (1 Co 1.21).

   Portanto, se é este tipo de prova, da sabedoria, sobretudo da ciência humana vista hoje na tecnologia tão sofisticada – então o poder de Deus continuará escondido. Até porque, se Deus quisesse salvar a humanidade por meio deste tipo de prova, então ele teria mandado o seu Filho hoje, e não há dois mil anos atrás. Imaginem hoje todas as câmeras fotográficas filmando Jesus saindo da sepultura...

    Mas, como disse Paulo, Deus “resolveu salvar aqueles que crêem e fez isso por meio da mensagem que anunciamos”. Ou seja, o poder está no Evangelho. Um poder que mudou a nossa vida, e que faz aquilo que diz o Salmo: “A lei do Senhor é perfeita e nos dá novas forças”.

    E para terminar. Paulo diz algo que deve nos fazer refletir quando somos tentados a pensar que felizes são as pessoas deste mundo, que não tem esta cruz que Jesus mandou que nós carregássemos. Ele escreve: “Deus tem mostrado que a sabedoria deste mundo é loucura”.

   É cada vez mais visível nesta sociedade tão afastada de Deus o quanto as pessoas descrentes estão desorientadas, infelizes e loucas. Deus também ama estas pessoas e entregou a nós o poder para elas recebam aquilo que nós já temos. Amém.  

Sermão Pastor Marcos - Quarta-Feira de Cinzas - 2012

Sermão – Quarta-Feira de Cinzas - 2012
Textos: Salmo 51.1-13; Joel 2.12-19; 2 Coríntios 5.20-6.2;  Mateus 6.1-6, 16-18
Tema: Da glória do mundo às cinzas, e das cinzas à glória de Jesus!
pastor Marcos Schmidt                 
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            Nós cristãos começamos a nos preparar, a partir desta Quarta-feira de Cinzas, para a maior de todas as festas cristãs, a Páscoa. Enquanto isto terminou o Carnaval. Antigamente a sociedade tinha certo respeito pela Quarta-feira de Cinzas e pelo período da Quaresma. Mas hoje tem o Carnaval das Cinzas e o Carnaval da Quaresma. Ou seja, foi-se o tempo do respeito. Li um artigo do Luis F. Veríssimo na Zero Hora desta Quinta-feira (23.02.2012), sob o título “Agora em Cinzas”, onde ele escreve que “Quarta-feira de Cinzas era uma coisa muito brasileira. Como ninguém tinha um Carnaval parecido com o nosso, ninguém tinha um pós-Carnaval tão triste”. Mas ele lembra que isto acabou, de que não existe mais esta tristeza. “Razão tem os baianos”, diz o escritor, “que acabaram com o pós-Carnaval”.
            Na verdade, o que a gente vê mesmo é que o espírito do Carnaval permanece o ano todo, ou seja, esta tentativa de viver fora da realidade, atrás de máscaras, e de um jeito lascivo, imoral e debochado.
            Costuma-se dizer que o Carnaval é alegria do povo. Mas a alegria desta festa, desde a sua origem até nossos dias, tem mostrado que o melhor mesmo é ser contagiado pela tristeza, porque ao menos este sentimento pode agradar a Deus.
Conforme nos relata a história, o Carnaval tem suas origens no Egito antigo (do tempo antes de Cristo). As pessoas se fantasiavam para adorar o deus Ápis – que na verdade era um boi. O boi idolatrado era levado em procissão até o rio Nilo em meio a um cortejo popular repleto de orgias e promiscuidades sexuais.
Esta festa chegou a outros lugares. Na Grécia antiga era dedicada ao deus do vinho, Dionísio. Em Roma, ao deus do vinho romano, Baco.
Quando o Império Romano se tornou oficialmente cristão no século quarto, estas festas pagãs deixaram de acontecer. Mas na Idade Média, sob a tolerância da Igreja, voltaram com outro nome: carnevale (vocábulo italiano que significa “festa da carne”).
Foi a maneira encontrada para aproveitar ao máximo os últimos momentos antes do jejum de 40 dias da Quaresma quando nenhuma manifestação de alegria era permitida.
            No Brasil, o Carnaval, como bem sabemos, transformou-se na maior festa popular do planeta. E aqui a festa é dedicada ao rei Momo. Momo é um deus da mitologia grega, que segundo o mito, foi expulso do Olimpo – o céu dos gregos - para ser o rei dos loucos na terra. Ele representa a zombaria, o sarcasmo.
            Ora, nós cristãos nos alegramos com o Senhor Jesus, que não foi expulso dos céus, mas veio espontaneamente à Terra, não para zombar mas para ser zombado. E com isto nos dar a verdadeira glória...
            E se o Momo é o rei dos loucos, vale também lembrar o que escreve o apóstolo Paulo (1 Coríntios), que Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo, mas para os que estão sendo salvos, é poder de Deus.
            E vejam: nós cristãos temos motivos de sobra para pular de alegria e aceitar o convite bíblico: Louvem o Senhor com pandeiros e danças (Salmo 150.4).

            Mas é preciso lembrar que para se chegar a vida é preciso passar pela morte, para se ter alegria é necessário enfrentar as cinzas.
            No Carnaval é o contrário, primeiro a alegria depois a tristeza. Já na festa da Páscoa, o final é a ressurreição que surge após a morte. É a vida que surge das cinzas.
           (neste momento palavras para os enlutados no culto de ação de graças)

            Por isto então os textos bíblicos deste culto – da Quarta-feira de Cinzas. Eles lembram que não existe possibilidade de juntar a alegria do Carnaval e a alegria cristã, e fazer uma coisa só, num “desfile na mesma avenida”. Assim como é impossível, diz Jesus, servir a dois senhores, ao mundo e a Deus.
            Não adianta viver uma vida de pecados e depois tentar resolver isto de uma forma mágica numa Quarta-feira de Cinzas através de rituais e cerimônias. Como, por exemplo, um marido, ou uma esposa, depois de trair o seu cônjuge, trazer flores e pensar que está tudo bem.

            Se vocês prestaram atenção, os textos de hoje mostram que o arrependimento descarta rituais externos quando a religiosidade transformou-se em ações vazias e simuladas. Lemos no Salmo 51: “O que tu queres é um coração sincero (...) Tu não queres que eu te ofereça sacrifícios; tu não gostas que animais sejam queimados como oferta para ti. Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde ” (Salmo 51.6,16,17). É a confissão de um Davi que reconhece que os gestos do arrependimento não precisam de notoriedade, de espetáculo, de palco. Isto não quer dizer que Deus não deseja o culto, o sacrifício no Templo, as ofertas na igreja. Aliás, é o próprio Deus quem pede estes sacrifícios e rituais. Mas, quando estes símbolos religiosos não estão ligados ao verdadeiro culto no coração, então eles perdem o sentido. É isto que Davi está dizendo ora a Deus: Tu não queres que eu te ofereça sacrifícios...
            O profeta Joel segue no mesmo pensamento ao recomendar: “Em sinal de arrependimento, não rasguem as roupas, mas sim o coração” (Joel 2.13).
            Enquanto isto, o apóstolo Paulo exorta para que a graça de Deus não fique sem proveito, mas que se reconheça que o dia do arrependimento é o “agora” (2 Coríntios 6.1,2). Graça sem proveito – em vão – é o mesmo que a mãe dizer para os filhos na hora do almoço: - a comida está pronta, venham logo para não esfriar. Se os filhos não chegaram à mesa, é uma comida sem proveito...
            Por isto a insistência do apóstolo ao dizer: “Escutem! Este é o tempo que Deus mostra a sua bondade. Hoje é o dia da salvação”. É como se ele dissesse: Troquem logo a fé que não salva pela fé que salva antes que seja tarde. Algo parecido com as campanhas de trânsito: não corra, coloque o cinto, não beba antes de dirigir – antes que seja tarde.
            Já na leitura do Evangelho é o próprio Senhor Jesus que condena
o exibicionismo religioso, quando adverte: “Tenham cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de não serem vistos pelos outros”(Mateus 6.1). Era um recado aos fariseus, que gostavam de exibir suas orações, seu jejum e outros ritos religiosos, mas não tinham amor a Deus nem ao próximo, eram egoístas e maldosos. Ou seja, o que eles faziam no Templo não combinava com o que faziam na vida fora do Templo.

            Como nós podemos perceber (e aqui eu peço que ninguém fique escandalizado pois vou fazer uma comparação do profano para o sagrado) as leituras da Quarta-feira de Cinzas são o “abre alas”, o “porta bandeira” na passarela da Quaresma. Aliás, se tem um desfile, um espetáculo que merece ser visto, este desfile sem alegoria e sem fantasia é a glória do Filho de Deus. Isto quem diz é o apóstolo Paulo nesta mesma 2ª carta aos coríntios: “Mas dou graças a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre conduzidos por Deus como prisioneiros no desfile de vitória de Cristo”. (2.14)
            Por isto então este recado importante para nós cristãos através das leituras de hoje. Primeiro, porque sempre somos tentados a trocar de rei, do rei Momo pelo rei Jesus. E segundo, porque estamos acostumados com nossas tradições litúrgicas e de rituais de fé, e precisamos tomar todo o cuidado para que o culto não fique apenas no culto, que a liturgia não fique apenas na liturgia, que as tradições cristãs não fiquem apenas na tradição. Ou seja, que a vida cristã lá fora não fique longe do que acontece dentro da igreja.
            Na verdade, o culto na igreja com todos os seus simbolismos e ritos devem sempre apontar para a realidade que está no coração. Como, por exemplo, o costume que havia de se colocar cinzas sobre a cabeça em sinal de arrependimento,  algo que surgiu no Antigo Testamento. Em Neemias (9.1,2) lemos: que “... o povo de Israel se reuniu para jejuar a fim de mostrar a sua tristeza pelos seus pecados (...) Em sinal de tristeza, vestiram roupas feitas de pano grosseiro e puseram terra na cabeça. Então se levantaram e começaram a confessar os pecados que eles e os seus antepassados haviam cometido”.
            Só que isto ficou apenas no ritual, na liturgia. As pessoas colocavam cinzas, pó sobre a cabeça, mas não se arrependiam; jejuavam e até rasgavam a roupa, mas tudo era apenas um teatro (o jejum e o rasgar a roupa também eram símbolos extremos e radicais para demonstrar arrependimento)
            Por isto as palavras no Livro de Joel: “Em sinal de arrependimento, não rasguem as roupas, mas sim o coração” (Joel 2.13).
            O que significa rasgar o coração?
            É aquilo que diz Davi no Salmo 51 na oração que ele faz a Deus: “O que tu queres é um coração sincero; enche o meu coração com a tua sabedoria. Tira de mim o meu pecado, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais branco que a neve”.
           
            Nestes dias de Carnaval se ouviu bastante um convite com uma música que dizia: “Vem pra ser feliz. Eu tô no ar, tô Globeleza. Eu tô que tô legal...”. Acompanhado com imagens de uma mulher nua sambando, muitos aceitaram o convite. Mas será que o convite para ser feliz desse jeito faz a pessoa ficar legal? As contas no final da festa mais popular mostram que não – a maioria não está bem quando tudo volta à realidade.     
            Ao contrário disto, aqueles que aceitam o convite “Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu lhes aliviarei”, estes certamente são as pessoas mais felizes deste mundo. Amém

quarta-feira, 14 de março de 2012

Artigo - Empório da podridão

Na última Veja o assunto foi corrupção religiosa – O templo da perversão e A guerra nada santa dos pastores – ilustrado com a imagem de Jesus expulsando os mercadores do Templo. As acusações são assassinatos, estupro, tortura, bandidagem, enriquecimento ilícito, envolvimento corrupto com política e polícia, e por aí. Conforme denúncias, “em seu reinado de trevas usam a religião para ganhar poder e dinheiro”. As testemunhas são pessoas que tinham ligação de confiança que por disputas internas se tornaram inimigas mortais.
É lastimoso ver tudo isto quando a lama respinga em todo o cristianismo nestes tempos de proibição de crucifixos e achincalhamento dos conceitos morais e éticos nos Tribunais de Justiça, dos princípios básicos defendidos nas Escrituras Sagradas para a sobrevivência da sociedade. A corrupção vem de todos os lados, de fora e de dentro, e por isto o descrédito geral com as  instituições tradicionais. Quem ganha? Os “falsos profetas” que se aproveitam do caos social com promessas fundamentalistas de milagres e libertação. É assim no “mercadão” do reino religioso, político, esportivo, empresarial, enfim, neste aquecimento global de gente obstinada pelo poder, fama e dinheiro.
É perigoso falar mal dos outros, afinal, o telhado é de vidro. Até porque o único que pode pegar o chicote e expurgar a podridão é o Santo Filho de Deus. E o joio sempre estará no meio do trigo até a colheita – conforme disse Jesus àqueles que queriam uma faxina ditatorial. Mas isto não autoriza cruzar os braços e esperar o juízo final. Bem disse Martin Luther King: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”. Por isto o conselho bíblico: “Os dias em que vivemos são maus; por isso aproveitem bem todas as oportunidades (...) Procurem entender o que o Senhor quer que vocês façam” (Efésios 5.16). 
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
15 de março de 2012