Foto panorâmica da Igreja

Foto panorâmica da Igreja

Evangelho de Lucas 20.27-40

Explicação do teólogo Gerson Linden sobre o Evangelho de Lucas 20.27-40, texto bíblico do culto desta segunda semana de novembro.


Mordomia da Oferta Cristã

Mordomia da Oferta Cristã

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Artigo - Ano Novo que já ficou velho

O que mais virá neste ano que já ficou velho? “Não há nada de novo neste mundo”, já disse o sábio três mil anos atrás. Por isto a conclusão: “Todas as coisas levam a gente ao cansaço” (Eclesiastes 1.8). Sim, já estamos sem fôlego no começo, cansados em ver e ouvir tanta coisa ruim. E mesmo assim não querendo acreditar que “tudo é ilusão” (1.2). Ilusão do paraíso que virou inferno. Olhei as fotos da pousada Sankay em Angra dos Reis antes e depois da tragédia. A vida humana é assim. Se as avalanches não soterram sonhos e projetos em segundos, desfazem-lhes lenta e progressivamente em poucos anos. Qual a diferença quando tudo tem o mesmo destino? É só comparar as nossas fotos atuais com as amareladas, aquelas do tempo quando éramos jovens. Parece que foi ontem, resmungamos. Mas o Senhor Calendário não discute nem manda recados. Terrível mesmo quando surge a Senhora Tragédia. Inesperadamente, sem aviso prévio, no meio da noite sob o assombroso estrondo de um morro que despenca, ou de cima de uma ponte que cai, ou num acidente de carro, num afogamento... A dita cuja nem está aí com nossos votos para “que tudo se realize no ano que vai nascer”. Ela simplesmente aparece proclamando o que teimamos apagar da lembrança: “Estamos em perigo de morte o dia inteiro” (Romanos 8.36).
Mas então, como seguir adiante? Fazendo de conta que tudo é um eterno réveillon? Isto só piora as coisas. Precisamos de base, de solidez. Ouvi de um especialista que avalanches deste tipo em Angra acontecem em grande parte porque a base do morro é comprometida. Ora, isto é em tudo. A sociedade está se desmanchando porque a família ruiu. A família está rolando morro abaixo porque o casamento se foi. As relações humanas estão deteriorando porque o respeito não existe mais. E se o assunto é fé, Jesus é pontual: “Quem ouve os meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa. Porém ela não caiu porque havia sido construída na rocha” (Mateus 7.24,25).
Precisamos de ajuda, pois estamos nas encostas dos montes e não temos para onde fugir. Mas, “olho para os montes e pergunto: De onde virá o meu socorro? ” A resposta é oportuna: “O meu socorro vem do Senhor Deus, que fez o céu e a terra” (Salmo 121.1,2). Por isto “não teremos medo, ainda que a terra seja abalada e as montanhas caiam nas profundezas do oceano” (Salmo 46.2). “Pois eu tenho a certeza que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida (...) nem o presente, nem o futuro” (Romanos 8.38). É o único jeito de encarar o ano novo que já ficou velho...
Marcos Schmidt
Jornal NH de 07 de janeiro de 2010

Artigo - Arrumação no roupeiro

Achei oportuna a dica de uma consultora de organização: “Seu armário anda abarrotado e, apesar disso, você tem sempre a impressão de que não há nada adequado à ocasião para vestir? Com a chegada do Natal e do fim de ano, é uma boa hora de dar uma reciclada em tudo. Doe todas as peças que não usou nenhuma vez em 2009. Junte as roupas que não servem mais, os acessórios que não vale a pena consertar, o que caiu de moda e, principalmente, os itens que comprou por impulso e que não combinam com você”.
O armário de roupas, na verdade, diz muita coisa sobre nós. Ele é nossa cara. Ou melhor, é o nosso coração. E se antigamente eram pequenos, com poucos cabides, e hoje são grandes e com múltiplos compartimentos, isto já diz tudo. Nos entulhamos com coisas e ficamos sem espaço para guardar o que interessa. Por isto, se existe vontade para organizar o roupeiro, desfazer-se daquilo que é supérfluo, e doar para alguém que precisa, interessante a dica de outro consultor: “Livrem-se de tudo isto: da raiva, da paixão e dos sentimentos de ódio (...) Vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência” (Colossenses 3.8,12).
Estupidamente, não é só de tralhas materiais que a gente se enche durante o ano. Existem coisas que sobrecarregam o coração, que deixa o interior mofento, lugar onde as traças corroem e estragam o perfume da vida. Por isto outro recado: “Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros” (Colossenses 3.13). Este é o pior badulaque do armário, o ressentimento. Ele atrapalha o dia a dia, tira o espaço da alegria. E pior, não serve para nada.
Mas isto não é fácil. Aliás, impossível quando se busca dentro do próprio roupeiro o poder da decisão e a coragem para a arrumação. O milagre vem de fora. Ou como explica o texto sagrado: “Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus. Cristo é a verdadeira vida de vocês” (Colossenses 3.2-4). “Pensar nas coisas lá do alto” é experimentar o conselho do verso 16: “Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês”.
A consultora tem razão, no armário tem muitos itens comprados por impulso e que não combinam com a nossa imagem. Isto porque já deixamos de lado a natureza velha com os seus costumes e nos vestimos com uma nova natureza – a nova pessoa que Deus está sempre renovando para que fique parecida com Ele (Colossenses 3.9,10).
Dois mil e dez não é outro ano. É o mesmo armário, apenas com 365 compartimentos limpos, higienizados. O que vamos tirar e colocar em cada um deles depende mesmo do que estamos vestindo. Uma feliz nova arrumação...
Marcos Schmidt
Jornal NH de 31 de dezembro de 2009

Artigo - Agulhas de Natal

O que a história do Natal e a do menino das agulhas têm em comum? O padrasto! Por isto Deus escolheu a dedo o pai emprestado de Jesus. Imaginem se José fosse um cara ciumento? Ele até pensou em desfazer o noivado, tudo de maneira sigilosa, sem difamação. Mas o anjo logo desfez o mal entendido: Ela não te traiu, “ela está grávida pelo Espírito Santo” (Mateus 1.20). Por pouco a salvação da humanidade teria sido um “fracasso de Copenhague”. E se não fosse outra vez o aviso do anjo, o bolo de Natal teria desandado logo após a visita dos reis magos, desta vez com as agulhas de Herodes. Por isto a importância de um bom padrasto, que “se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito”. No final da história – final para alguns – nem José nem o Pai verdadeiro “conseguiram” livrar Jesus das agulhadas da cruz. Era o único caminho. Mas este é outro capítulo, ou o mesmo, pois a manjedoura de Belém e a cruz do Calvário são da mesma madeira. Como disse a profecia, “... será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes” (Isaías 11.1).
Mas, e as agulhas? De onde vem o broto delas? De um só lugar! Das raízes da natureza humana. E se a gente fica perplexo por um Herodes enraivecido, que elimina em Belém os meninos abaixo de dois anos, ou fica abismado por um padrasto ciumento que crava agulhas no corpo do enteado – então é hora de acordar para a realidade. Afinal, este é o nosso mundo bem humano (não desumano). É só conferir a história, ler os jornais, espiar pela janela... Nada mudou! Crianças e fracos pisoteados, injustiçados, dominados, trucidados... E tudo por tronos e reinos.
Mas é preciso antes olhar no espelho. Pois tronos e reinos todos desejam. Aquele emprego, aquela casa, aquele carro, aquela mulher... Conquistas que colocam sobre a minha cabeça a coroa do “tu é o cara”. Mas quantos eu preciso aniquilar? Quantas agulhas encravar? Pode parecer dramático, mas não foi Jesus quem disse “aquele que não tem pecados que dê a primeira agulhada”?
O fanático Saulo, padrasto da religião, mais tarde reconheceu: “A minha natureza humana me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. – Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?” A reposta vem logo depois: “Nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 7.25). Esta é a redenção para todos – nós que temos a alma crivada com agulhas da inveja, ciúme, egoísmo, ódio... (Gálatas 5.19). A solução é o Cirurgião dos cirurgiões que liberta de tudo isto e “produz amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio” (Gálatas 5.22,23).
Esta é a realidade do Natal ainda hoje – bons e maus padrastos. Foi Jesus mesmo quem disse: Tudo o que você fizer a um pequenino, está fazendo para mim.
Marcos Schmidt
Jornal NH de 24 de dezembro de 2009